segunda-feira, 26 de março de 2012

Andanças, trilhas e caminhos de UMBIGAR


A cada apresentação um aprendizado, um código que vai se familiarizando, que vai ficando mais orgânico e trazendo a possibilidade de brincar mais!!!
Fizemos dois bate papos com o público pós espetáculo, um com a diretora Paula Aguas e a dançarina Laís Bernardes e outro com a diretora Natasha Mesquita e a brincante Talyene Melônio. Foi muito interessante misturas os olhares da experiência do popular e da dança contemporânea, assim como, ouvir os comentários de quem assistiu, o modo como viu a dança, as sensações que trouxe para cada um, enriquecedor!!!

Tivemos também a oportunidade de apresentar na UFF, no curso Redes Educativas na Boemia Musical, com o professor e meu querido pai Luiz Manhães!!! Lá, fizemos a dinâmica de conversar sobre a importância do ensino da cultura popular na educação, respondendo curiosidades sobre este abrangente assunto e depois apresentamos!!!

E toda essa conversa também está me ajudando a refletir e escrever no meu processo de doutorado!
Então... o último dia de temporada no Centro Cultural da Justiça Federal foi emocionante, não só por ter tido uma público amigo e caloroso, mas também porque tive a presença da pequena Manuela, filha de Paula Aguas, que participou do espetáculo com seus gemidos, gritinhos, mandando beijos e até batendo palmas...foi incrível! Parecia que ela já conhecia, mas de alguma forma sabia mesmo... lembro bem da barriga da Paulinha crescendo e eu indo na casa dela para apresentar os ritmos e conversando sobre os desejos no espetáculo.
Tive também a alegria de ter dançarinos de um grupo do Haiti comandado pela diretora e bailarina Aíla Machado, pude sentir seus corpos pulsando na minha dança... valeu Marisa por ter levado esses queridos!

No dia seguinte eu e Sergio fomos direto para Belém do Pará, participar do 38º Encontro de Artes da UFPA!
Embalados pelo cheiro das mangueiras, pelos barcos passando no rio bem em frente ao hotel, comendo maravilhosos peixes... pirarucu, filhote, tambaqui, tucunaré e doces de frutas incríveis como cupuaçu, bacuri, taperebá...
Vista do Rio Guamá
Aproveitamos estar perto da Ilha do Marajó e fomos para o Soure pesquisar e conhecer de mais perto uma das danças de umbigada... o LUNDU! Conhecemos três grupos locais, o Ecomarajoara, Os Aruãs e o grupo Cruzeirinho, no qual  tivemos a oportunidade de assistir um ensaio e estar mais perto deste delicioso ritmo.
Sede do grupo Cruzeirinho

Ensaio com a dança do Lundu
No SESC Boulevard apresentamos o espetáculo para um público de músicos, atores e curiosos espontâneos que chegaram... durante o espetáculo trovões daquelas chuvas torrenciais de Belém, no final muitas perguntas e bons diálogos! Valeu Pará! Até a volta...

Dançando o samba de roda no Sesc Boulevard ao som do baixo de Sergio Castanheira
Logo depois fomos direto para o interior do Maranhão, na baixada, cidade de Viana. Fomos participar da I Semana Cazumba, na Fundação São Sebastião, com coordenação de Cláudio Costa.
O evento teve várias atividades, desde uma ladainha de abertura com Seu Nico, toques de caixa do divino com caixeiras locais, boi feito por crianças, cine clube com vários documentários, oficinas e o UMBIGAR!! Era a primeira vez que apresentávamos para um público onde a maioria eram crianças. Foi muito interessante escutar as risadas nos momentos de dança mais contemporânea, as estranhezas, os olhares atentos e os silêncios! Aprendi com essas crianças!

I Semana cazumba - Fundação São Sebastião




Na mesma semana fomos realizar o UMBIGAR no quilombo de São Cristovão, à uma hora e meia de Viana, terra de preto, terra de festa o ano inteiro, terra de povo alegre, terra que já havia passado com outro espetáculo o Divino Emaranhado e que minha mãe, muitos anos antes também por ali havia se emocionado com seu trabalho com as mulheres.
O engraçado foi a maneira como fizemos a divulgação... chegamos na comunidade umas 8h das manhã e fui falar direto com Baéco, líder da comunidade. Primeiro ele teve a surpresa de encontrar mestre Abel das caretas, Beto Matuck da filmagem e conhecer Chris, parceira de toda hora e o Sergio, que iria participar da apresentação. Perguntei se poderia apresentar um espetáculo dalí há uma hora... ele tomou um susto, mas na mesma hora gostou e disse que as crianças sairiam da escola e seria um bom momento de divulgação...arrumamos de maneira improvisada os objetos cênicos, me maquiei, colocamos nosso figurino e saímos eu de pandeiro e o Sergio de trombone convidando que pela rua estivesse...pegamos as crianças saindo e rapidamente elas foram indo atrás da gente e quando vi já era um cortejo formado, elas convidaram seus pais e irmãos e pronto já estava divulgado!
Cortejo quilombo de São Cristovão


Foi emocionante levar o espetáculo, cuja inspiração veio exatamente das festas e gestualidades que aquele povoado conhecia e foi mágico sentir suas reações e depois escutar seus entendimentos do que viam. A ARTE VAI LONGE!
Fomos embora na certeza da missão comprida, de levar o trabalho onde quer que seja e da mesma maneira cuidada que foi feito na capital. Fomos embora emocionados com a vida e a possibilidade de transformação que a arte tem! Fomos embora querendo voltar na mesma poeira que a estrada deixava no ar.

Foto Maria Elisa Franco
Sambando com Edith do Prato!!!!










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