quarta-feira, 21 de maio de 2014



Olá queridos brincantes e amantes da dança,

Estou retomando os movimentos depois de tanto tempo no foco da escrita!
Antes de viajar para o Boi no Maranhão estarei realizando duas oficinas que estou preparando com muito gosto, ritos, cheiros e imagens para a gente se divertir e dançar muuuiito!
Dia 31 de maio: de 10hs às 13hs - Danças de Umbigada - Pitadas de lundu, remelexos de tambor de crioula, batida de pés de coco, saracuteios de samba de roda e amassando o barro no jongo!
Dia 14 de junho: das 16hs às 19hs - Roda do Bumba-Boi do Maranhão - Personagens das índias, caciques, vaqueiro, boi, tapuias e cazumbas!
Inscrições através do e-mail ponteioproducoes@gmail.com
Estou oferecendo bolsas de 50% e uma bolsa integral para estudantes da UNIRIO e da UFRJ e para isso peço que enviem uma carta de intenção! 
O sorteio irá acontecer dia 28 de maio para primeira oficina e dia 12 de junho para segunda oficina! 
O investimento para dançar por três horas seguidas será de R$150,00.
Venham dançar!!!
Vagas Limitadas!
Peço que  passem a palavra adiante!
bjus

quinta-feira, 11 de outubro de 2012


MAPUTO 19 de agosto de 2012
Fui para o sitio (local) de Maxakene, um bairro bem popular, para conhecer o grupo Xindiro (em xangana significa pião que gira).
É domingo e os homens na rua usam terno e gravata para irem à igreja.
Vim com Paciência, uma negra bonita, que ao chegar disse que esse era um sítio de alegria, disse que morava no sítio Polana Caniço, no qual depois fui saber ser um bairro bem popular.
O ensaio foi numa sala de uma escola pública, por isso somente podem ensaiar nos finais de semana. O grupo existe há 16 anos têm crianças, homens, mulheres e música ao vivo.Paciência trabalha em escolas públicas dando aula de danças tradicionais, através do apoio e projeto com a embaixada da Noruega. E faz faculdade de artes no ISARC. Disse que o grupo Xindiro tem em torno de 24 pessoas. Ela me apresenta a outras belas mulheres negras, Cândida e Áurea.

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Dentro da sala de aula, as cartelas foram para o canto; ao lado acontecia uma partida de futebol; juntaram-se muitas crianças para assistir ao ensaio. 

De repente um homem (creio que um dos líderes) começou a andar pelo espaço (sem falar nada) e todos começaram a ir atrás. Ele mudava a direção e todos iam junto. Começou a fazer movimentos com os braços andando e ainda em fila, como um aquecimento. E os instrumentos e tocadores foram chegando (a timbila, um tambor que parece com nosso zabumba do boi e muitos outros tambores que ainda não sei dizer os nomes). Agora o ensaio é com percussão ao vivo, é interessante como as coisas vão acontecendo naturalmente, os códigos estabelecidos entre eles. Vão para diagonal realizando o movimento um de cada vez. É forte e preciso a marcação dos pés e pernas no chão; e os ombros não param de se mexer.


A dinâmica é a seguinte: o mestre mostra e vai contando e os outros fazem repetindo. Chegaram mais seis tambores, alguns são tocados com baquetas e outros com as mãos. Cada tambor traz uma pulsação diferente e também tem um chocalho e um ferro, que me faz lembrar do tambor de mina ou do maracatu.
Tem um quadro negro com o horário para ser realizado cada pedaço do ensaio. Estão organizados com a metodologia que decidiram fazer, e mesmo tendo começado atrasados o diretor disse que irão fazer até o final.
A primeira dança que fizeram foi a Marrabenta – traz um molejo no quadril e na cintura (traz uma relação com o umbigo, mesmo não tendo a vênia ou umbigada efetiva, como chamamos no Brasil). Dançam sozinhas ou em pares. Esses movimentos me lembram da salsa e o carimbó.
O diretor Afonso pede para parar a percussão e organiza a coreografia, cada detalhe, enquanto isso os outros esperam. Quando voltou a música com a coreografia, um deles começou a cantar e em seguida o canto da resposta. Que som maravilhoso!
A segunda dança que fizeram foi o Kway (dança da alegria do sul de Moçambique). Também havia pergunta e resposta (aliás, me parece que todas trazem essa dinâmica). Tem as pernas soltas com joelhos bem flexionados (lembra os palhaços do cavalo marinho).
O diretor busca a precisão do movimento e pergunta se o movimento é para baixo ou para cima. O comando da mudança de direção é pela voz.
A terceira dança que fizeram foi a Machahona (dança de guerra do norte de Moçambique), o movimento é bem forte, traz uma qualidade com movimentos cortados, secos e menos arredondados, é uma dança mais masculina.
Felizardo, é um menino de 15 anos que toca muito, disse que toca desde os 10 anos. Estou impressionada com sua liderança!

A quarta dança que fizeram foi o Xigubo (dança masculina de guerra da região de Zavala – dos timbila). Tem passos precisos, duros, lembram golpes de capoeira, também tem acrobacias.
A quinta dança que fizeram foi o Mutxongoyo (homens e mulheres) – cantos, palmas - bem acelerado. Interessante que estou lembrando de alguns movimentos que os bailarinos da residência de dança contemporânea estavam fazendo. Essas misturas do contemporâneo e o tradicional são muito interessantes aqui em Maputo.
A sexta dança que fizeram foi Nganga (homens e mulheres) – feito em cordões.
A sétima dança que fizeram foi Ngalanga (homens e mulheres) – é bem acelerada, todos juntos, duplas, cordões. Tem movimentos de ombros muito rápidos.
Um músico do grupo me falou que o nome dos tambores podiam ser Xigubo (tambor grande com couro para os dois lados – que eu me lembrei do zabumba) / Macute (dois pequenos) / Nicute/ Tonjes – mais altos/ Ngoma (dois menores).
Foi interessante ir junto com os homens tocadores até o lugar de fazer fogo para aquecer os tambores e vi a semelhança do ritual em relação aos tambores de crioula e outros do jongo, assim como, perceber e confirmar que este movimento é do gênero masculino.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Chegada e caminhos em Moçambique


Este blog a partir de agora será um território de pontes e diálogos dos meus olhares em Moçambique ou outros lugares de África! Além de ser um espaço para as umbigadas e umbigos, enquanto gestualidades e ideias que tem me instigado!
Então, começo a compartilhar algumas cartas que venho escrevendo para mim, para vocês, para a memória, e quem sabe para colher algum fragmento para posterior escrita mais elaborada e conceituada para tese de doutorado.


 No caminho, na passagem Brasil - Moçambique
Dentro do avião, de São Paulo para Johanesburgo, estava no meio de dois senhores homens grandes, um indiano e outro sul africano.
O senhor indiano queria conversar e o sul africano escutava Stevi Wonder e Bob Marley e ficava cantando alto.... muito engraçado.
Johanesburgo tem um aeroporto gigantesco, cinco vezes maior que o de Sampa, lugar de trânsito para quem vai para Índia e China...na chegada em Maputo vi aquele descampado de terra e verde com palmeiras...parecia que estava chegando ao maranhão...kkkkk...

Cheguei a Maputo no sábado, no segundo dia da semana de dança contemporânea e estou impactada e encantada com a força da dança aqui! À noite, fui assistir a um espetáculo de dança contemporânea que achei belíssimo, um solo com uma gestualidade verdadeira e extremamente visceral! Havia um baixo e um tambor (parecido com o tambor grande do tambor de crioula) sendo tocados ao vivo em conjunto com sons eletrônicos vindos de algum pedal ou coisa parecida. Conheci um monte de gente da área de dança e performance em poucas horas... amanhã faço parte de uma mesa redonda sobre formação em dança...com este trabalho que vi e as poucas conversas, já tive a certeza que vim para um lugar fértil do diálogo entre o tradicional e o contemporâneo...


 Alguns instrumentos...

 


Por aqui os taxis não tem taxímetro e o preço é combinado, preciso me interar disso...kkkk...além disso tem umas motos meio carro chamadas de Tchopela (inspirado naqueles veiculos da índia). Não tem ônibus ou Luiza, com quem estou morando, me disse não ser seguro, ate vi umas vans que são chamadas aqui de chapas, o trânsito é meio louco, mãos de carro para os dois lados e ah, é igual a carro de inglês, com volante para o lado direito, terei que treinar.















Acabo de sair de um bate papo, uma reflexão sobre formação em dança que foi muito instigante. Abri o diálogo falando de minha experiência e colocando a realidade no Brasil... as formações em dança em escolas, universidades e as possibilidades de mercado de trabalho. Sabes quando conheces um monte de gente ao mesmo tempo de várias instituições?
Efervescência na cabeça, ebulição de ideias, excitação do que tenho conhecido.
O que tem na dança contemporânea africana e no caso, Moçambicana, que traz uma verdade e força tão cênica? Que presença está disposta nesses corpos? Estruturas corporais feitas de que técnicas? Como serão seus processos de criação?
Perguntei para vários bailarinos e pesquisadores sobre a expressão “umbigada” e todos disseram que não conhecem por aqui, mas umbigo é universal.

Maputo 14 de agosto de 2012
Hoje vim andando para o centro pela primeira vez e demorei uns quarenta minutos. No caminho a descoberta da cidade, as vielas, os jeitos que as pessoas andam nas ruas, as mulheres que carregam filhos e de tudo na cabeça, as verduras e frutas sendo vendidos em panos no chão,o sol e a areia presente nos pés.


Tô assistindo a aula do Idio, um bailarino moçambicano, que faz parte de uma Cia francesa em Toulouse. Interessante como usa técnicas no chão e traz manobras da capoeira transformadas em dança. Muitos rolamentos. Lembra um estilo hip hop. Tem cinco homens e cinco mulheres, mas por enquanto tenho visto mais homens que mulheres dançando. Esta aula é fruto de uma residência que está fechando nesta terceira semana, então já existe sequências e partituras prontas de coreografia.
Idio busca precisão e detalhe, além de buscar de cada bailarino que falem o que estão fazendo, sistematizando e esclarecendo os processos na fala.
Ele pergunta e diz: “que elementos, que bases formastes esta frase? É preciso fixar os movimentos e formar a frase.”
A importância de abrir os olhos e estar conectado – olhar o outro. É preciso estar todo envolvido e dentro desta sala, esquecendo o de fora. Se não tem precisão e limpeza não vemos nada. Tenho que saber para onde eu vou...começou vai até o fim! Traça para ficar nítido. Assumir as decisões tomadas.

Maputo 15 de agosto de 2012

Hoje está sendo o segundo dia de reflexão da Semana de Dança Contemporânea com o tema “profissionalização”.
É interessante observar como a maioria dos bailarinos chamam-se de soldados da dança contemporânea de Moçambique. A questão política é muito presente. Mas também vamos imaginar que este País teve 10 anos de guerra pela libertação da colonização dos portugueses, que cessou em 1975 e em seguida 16 anos de guerra civil que encerrou em 2002, somente 10 anos de uma “liberdade” ainda muito sacrificada e dependente. Enfim, muita história...
A profissionalização está ligada a institucionalização e ao mercado de trabalho.
Dizem que a Cia de canto e dança de Moçambique é bandeira. Há uma invocação política!
Os presentes bailarinos citam muito como uma “batalha em nome das artes”.
Moçambique é uma sociedade em transição, pós apartheid, pós mundo partido entre socialismo e capitalismo.
Uma bailarina chamada Edna disse que tem o profissional vivencial e o profissional institucional. Eu achei muito interessante a maneira como ela separou os profissionais quem tem apoio e os que não têm, mas que mesmo assim tem qualidade no trabalho.
As línguas maternas do sul de Moçambique:

Ontem apresentei o espetáculo Umbigar, fazendo parte da Semana de Dança Contemporânea da Iodine, foi muito emocionante mostrar meu trabalho, minha identidade em solo Moçambicano. Apesar de estar um pouco nervosa, afinal estar sozinha no palco não é fácil, parecia que toda minha base, de minha trajetória de vida como artista e brincante, senti que estava firmada sobre meus pés.
E me lembrei de meus mestres Abel, Teté, Apolônio, Nadir, Itaercio, Julia Emilia, Felipe, Malá e minhas atuais diretoras Natasha e Paula e me senti forte e viva! Só pensava que queria dançar com prazer, muita vontade e principalmente com tranquilidade, aproveitando de cada gesto e palavra que falasse ou cantasse. Queria poder degustar dos sons e gestos trazendo precisão. E assim, com calma, mostrei meu corpo e minha presença em cena e durante, mesmo não olhando os olhos das pessoas que me via, por conta da plateia estar com pouca luz, sentia que uma troca estava acontecendo. Quando terminei de dançar, agradeci a todos o presente de estar ali em um palco na cidade de Maputo, apresentando meu olhar sobre a dança popular contemporânea brasileira.

Maputo 16 de agosto de 2012

Hoje realizei uma oficina de danças brasileiras com o grupo de “bailarinos” (como eles se denominam), do grupo de residência da Semana de Dança contemporânea da Iodine. Este grupo está a três semanas fazendo aulas com Idio, bailarino moçambicano que trabalha em uma Cia Francesa e outros profissionais. Hoje realizei a dança do cacuriá com a caixa do divino, do coco e do frevo com guarda chuvas tradicionais.
                               

Iniciei a aula como sempre costumo fazer em roda com um alongamento e logo depois vários jogos para abrir o espaço da brincadeira (se bem que eles já são abertos por natureza, pelo menos é uma forte sensação que tenho percebido) e logo depois comecei a puxar a dança do cacuriá, através da gestualidade do “pisando barro” e depois frevamos.
Eles não tiveram dificuldade em nenhuma dança, pelo contrário, não saíam da pulsação, as vezes, duplicavam ou até triplicavam a pulsação da gestualidade do coco e do frevo, mas estavam dentro, davam um jeito próprio para estarem no ritmo. Não foi preciso desmembrar passo, pois na primeira vez que mostrei já foram juntos dançando. Percebi o quanto o ritmo faz parte do corpo deles.
Na hora que terminamos a aula pedi para que cada um falasse alguma coisa que havia sentido. E foi muito interessante escutar eles falando que a dança traz uma alegria que não havia como não estar disponível para ela e que só conheciam o samba, então que estavam achando muito interessante perceber que também é parecido com a cultura deles.
Idio disse, que sentiu a apresentação de ontem do Umbigar, como a continuidade da aula de hoje. Que conseguiu visualizar meu trabalho e agradeceu por ter aprendido mais uma ferramenta para seu próprio trabalho, já que é de Moçambique e nunca havia pensado em misturar esses estilos de dança desta maneira, disse que abriu mais uma possibilidade no seu conhecimento de bailarino. Muitos disseram que ficaram com vontade de dançar e conhecer mais e lembraram de algumas brincadeiras Moçambicanas que quase não se vê mais na capital, que se faz com cantos, palmas e dança.
Foram dez bailarinos, três deles, fazem parte de grupos tradicionais. Além disso, havia uma brasileira de São Paulo que disse pensar que veio a Moçambique buscar as danças tradicionais e que não conhece nem as danças do Brasil e ficou com muito mais interesse. Ela vem do grupo Corpo, assim como, já fez cursos no Teatro Brincante do Antônio Nóbrega.
Para mim foi muito interessante perceber a memória corporal de cada um, a presença e abertura para a dança e para o jogo. Comentamos da alegria das danças brasileiras e que as danças de Moçambique são mais fortes...

A cada dia escuto uma palavra nova, vivo uma situação diferente nas ruas por onde caminho e assim vou descobrindo os caminhos da cidade de Maputo...

Universidade que estou fazendo a investigação do doutorado














segunda-feira, 26 de março de 2012

Andanças, trilhas e caminhos de UMBIGAR


A cada apresentação um aprendizado, um código que vai se familiarizando, que vai ficando mais orgânico e trazendo a possibilidade de brincar mais!!!
Fizemos dois bate papos com o público pós espetáculo, um com a diretora Paula Aguas e a dançarina Laís Bernardes e outro com a diretora Natasha Mesquita e a brincante Talyene Melônio. Foi muito interessante misturas os olhares da experiência do popular e da dança contemporânea, assim como, ouvir os comentários de quem assistiu, o modo como viu a dança, as sensações que trouxe para cada um, enriquecedor!!!

Tivemos também a oportunidade de apresentar na UFF, no curso Redes Educativas na Boemia Musical, com o professor e meu querido pai Luiz Manhães!!! Lá, fizemos a dinâmica de conversar sobre a importância do ensino da cultura popular na educação, respondendo curiosidades sobre este abrangente assunto e depois apresentamos!!!

E toda essa conversa também está me ajudando a refletir e escrever no meu processo de doutorado!
Então... o último dia de temporada no Centro Cultural da Justiça Federal foi emocionante, não só por ter tido uma público amigo e caloroso, mas também porque tive a presença da pequena Manuela, filha de Paula Aguas, que participou do espetáculo com seus gemidos, gritinhos, mandando beijos e até batendo palmas...foi incrível! Parecia que ela já conhecia, mas de alguma forma sabia mesmo... lembro bem da barriga da Paulinha crescendo e eu indo na casa dela para apresentar os ritmos e conversando sobre os desejos no espetáculo.
Tive também a alegria de ter dançarinos de um grupo do Haiti comandado pela diretora e bailarina Aíla Machado, pude sentir seus corpos pulsando na minha dança... valeu Marisa por ter levado esses queridos!

No dia seguinte eu e Sergio fomos direto para Belém do Pará, participar do 38º Encontro de Artes da UFPA!
Embalados pelo cheiro das mangueiras, pelos barcos passando no rio bem em frente ao hotel, comendo maravilhosos peixes... pirarucu, filhote, tambaqui, tucunaré e doces de frutas incríveis como cupuaçu, bacuri, taperebá...
Vista do Rio Guamá
Aproveitamos estar perto da Ilha do Marajó e fomos para o Soure pesquisar e conhecer de mais perto uma das danças de umbigada... o LUNDU! Conhecemos três grupos locais, o Ecomarajoara, Os Aruãs e o grupo Cruzeirinho, no qual  tivemos a oportunidade de assistir um ensaio e estar mais perto deste delicioso ritmo.
Sede do grupo Cruzeirinho

Ensaio com a dança do Lundu
No SESC Boulevard apresentamos o espetáculo para um público de músicos, atores e curiosos espontâneos que chegaram... durante o espetáculo trovões daquelas chuvas torrenciais de Belém, no final muitas perguntas e bons diálogos! Valeu Pará! Até a volta...

Dançando o samba de roda no Sesc Boulevard ao som do baixo de Sergio Castanheira
Logo depois fomos direto para o interior do Maranhão, na baixada, cidade de Viana. Fomos participar da I Semana Cazumba, na Fundação São Sebastião, com coordenação de Cláudio Costa.
O evento teve várias atividades, desde uma ladainha de abertura com Seu Nico, toques de caixa do divino com caixeiras locais, boi feito por crianças, cine clube com vários documentários, oficinas e o UMBIGAR!! Era a primeira vez que apresentávamos para um público onde a maioria eram crianças. Foi muito interessante escutar as risadas nos momentos de dança mais contemporânea, as estranhezas, os olhares atentos e os silêncios! Aprendi com essas crianças!

I Semana cazumba - Fundação São Sebastião




Na mesma semana fomos realizar o UMBIGAR no quilombo de São Cristovão, à uma hora e meia de Viana, terra de preto, terra de festa o ano inteiro, terra de povo alegre, terra que já havia passado com outro espetáculo o Divino Emaranhado e que minha mãe, muitos anos antes também por ali havia se emocionado com seu trabalho com as mulheres.
O engraçado foi a maneira como fizemos a divulgação... chegamos na comunidade umas 8h das manhã e fui falar direto com Baéco, líder da comunidade. Primeiro ele teve a surpresa de encontrar mestre Abel das caretas, Beto Matuck da filmagem e conhecer Chris, parceira de toda hora e o Sergio, que iria participar da apresentação. Perguntei se poderia apresentar um espetáculo dalí há uma hora... ele tomou um susto, mas na mesma hora gostou e disse que as crianças sairiam da escola e seria um bom momento de divulgação...arrumamos de maneira improvisada os objetos cênicos, me maquiei, colocamos nosso figurino e saímos eu de pandeiro e o Sergio de trombone convidando que pela rua estivesse...pegamos as crianças saindo e rapidamente elas foram indo atrás da gente e quando vi já era um cortejo formado, elas convidaram seus pais e irmãos e pronto já estava divulgado!
Cortejo quilombo de São Cristovão


Foi emocionante levar o espetáculo, cuja inspiração veio exatamente das festas e gestualidades que aquele povoado conhecia e foi mágico sentir suas reações e depois escutar seus entendimentos do que viam. A ARTE VAI LONGE!
Fomos embora na certeza da missão comprida, de levar o trabalho onde quer que seja e da mesma maneira cuidada que foi feito na capital. Fomos embora emocionados com a vida e a possibilidade de transformação que a arte tem! Fomos embora querendo voltar na mesma poeira que a estrada deixava no ar.

Foto Maria Elisa Franco
Sambando com Edith do Prato!!!!










terça-feira, 20 de março de 2012

Processos, inícios, retornos, chegadas...


Rio, 20 de março de 2012

Como é difícil manter-se atualizada neste mundo contemporâneo, aonde cada dia vai acontecendo um monte de coisas e processos que valem compartilhar...
Como fiquei um tempão sem dizer nada e nesta semana re-tornei, re-comecei a ensaiar o UMBIGAR, estou no tempo das memórias do que foi! Sentindo o que é e imaginando o que será... e como a vida é uma onda que vai e vem e uma roda gigante que sobe e desce, “vamo que vamo” nessas aventuras deste umbigar!
A criação de um espetáculo é sempre um recorte e assim deixam-se coisas, memórias, gestos, palavras... quando Paulinha pediu para eu lembrar da minha história me veio a vivência em ter conhecido Edith do Prato em Santo Amaro, durante a festa de Nossa Senhora da Purificação. Nestes dias mexendo em papéis encontrei este folder da festa que aconteceu em 2005 e que me trouxe boas surpresas e presentes, como o partinho dos 90 anos de vida de Dona Edith. Evoé! Viva!!


Estreiar foi como um parto, uma nova vida nascendo dentro e fora de mim, lembro que nos processos de ensaio de tudo rolou: Tonteiras de tanto rodar, pressão baixa de tanto ensaio e tanta coisa por criar junto, na concepção de cenário, figurino, material gráfico, luz... tudo! Quando é um monólogo precisamos estar a par de todas as partes... não foi fácil desconstruir a gestualidade tradicional, mantendo algo do popular, mas trazendo códigos da dança contemporânea, repetir igual o movimento, mas mantendo algo da brincadeira, não foi fácil...escutar todos os detalhes observados pela Natasha e pela Paula e depois fazer de novo com essas observações, mas valeu, aliás tá valendo, o processo é vivo!

Anotações preciosas...
Cotidiano fora da cena...
Paulinha explicando o que acabou de observar no ensaio
Reúna da equipe!!!
Natasha mostrando um movimento
Cumplicidade da dupla dinâmica!!!



Fotos Maria Elisa Franco

Aproveitamos e gravamos um cd com a trilha sonora e assim fui cantar e contar as histórias do espetáculo no estúdio... no processo tive o prazer de fazer uma visita a cantora Rita Ribeiro que aceitou recitar o verso “Teu corpo” de Ferreira Gullar e conversamos muito sobre tambor, sobre as danças e o sentido da poesia...logo depois fomos juntas no estúdio para gravar sua bela voz! Valeu Rita!!!

Gravando a História de Edith do Prato para o cd!

Rita recitando "Teu corpo" de Ferreira Gullar


No dia da estreia recebi generosos bilhetes de minhas queridas diretoras, que, aliás, estavam nervosas, indo de um lado para o outro e eu ria por dentro... estávamos todas estreiando...montei um altar com meu Divino, São Benedito e os bordados da querida Lorena,  além de flores das queridas meninas do EMCARTAZ! Cumplicidade total com o parceiro músico Sergio, preparação do corpo, voz... 1, 2, 2 e já! EMOÇÃO!!!

Flores no altar, vela e luz!!!
Bilhetes de axé e força!!!



Estreia com minhas queridas diretoras!!!

Meu orientador Zeca na estreia!!