domingo, 16 de outubro de 2011

Entrelaçando as criações na escrita


Rio 09 de maio de 2011

O início tá sendo, ao longo de anos na verdade...
Mas hoje, agora, nesta segunda feira matinal começo a estar sozinha na sala de trabalho com alguns objetos e um chão vazio...quer dizer pleno de quereres e memórias.
Iniciei bem cedo e fui carinhosamente com o que o corpo pedia, afinal já é difícil estar só em uma sala vazia.

Deitei no chão, senti um suave gelado, duro e liso do solo e percebi meu peso, meu corpo deitado.
Alongamentos iniciais para então meditar, respirar, entrar na sala, estar em contato com esse espaço, pedir licença, olhar para as pedras, para o verde que aparecia na janela. Escutar o som dos pássaros, dos aviões.
Meditei - alonguei - silêncio – em mim.
E então andando pela sala, brincando com o espaço...
Tudo é um desafio e cada dia é um fruto...maduro ou verde.
Sons de vogais, cantando parangolé, tocando no pandeiro.
Sapatear, tocar e cantar! Ser brincante é este ajuntamento de linguagens!!

Rio, 11 de maio de 2011

Umbigo me vem como olho, como porta de entrada, de conexão, de nascimento, de buraco...
Gosto de contar histórias de minhas viagens por aí afora...
Chegando em casa, ainda inspirada pelo ensaio, fui em busca da bailarina Loie Fuller. Filmei um vídeo desta bailarina no Centre Pompidou, me encantei por seus movimentos, mas ainda não sabia quem era, incrível seus movimento de braços e tecidos, algo me levou a memória do parangolé de Hélio Oiticica. Conduzida por essa vontade, acabei comprando um livro sobre Dança Contemporânea, onde dizia que Loie Fuller era a referência do séc XIX em dança contemporânea, precursora...

Rio 13 de maio de 2011

Ai ai difícil acordar cedo...
É fundamental o processo de sair de casa e vir para outro espaço – trabalhar!
Novamente vim com idéias para o ensaio na cabeça, no objetivo de repetir idéias anteriores.
Organizei os objetos no espaço, desta vez tendo conhecido, já foi mais familiar.
Deitei no chão e hoje estava mais agitada, o corpo sentindo mais o gelado do chão, vamos respirar... alonguei, meditei e exercício para as mãos.
Conversando com Paula Águas, ela me dizia para buscar na memória músicas, imagens, histórias que trouxessem a minha vida.
Tem músicas que adoramos escutar e ficar dançando na sala, assim mesmo, do cd Vila Lobos com Egberto Gismonti – a Bachiana nº 5... essa música me traz alguns sentimentos e lembrando de Pina Bauch fazendo perguntas para seus espetáculos...que sentimentos essa música me traz?
- emoção, tristeza, palpitação do coração, solidão, caminhar, viagem, coragem, crescente, amor, memória, ballet, maranhão, mestres, morte, saudade, medo, angústia, lágrima, sonho e miséria...
- Essa música mexe com minhas vísceras, me contorce por dentro, traz vontade de me encolher para depois abrir, vontade de ser criança para depois abrir o umbigo, ser dona do nariz e seguir...

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